sábado, 27 de setembro de 2014

Sobre a subida do salário mínimo

Antes demais, gostaria de deixar bem assente este ponto prévio: o aumento do ordenado mínimo é, efectivamente, uma vitória, mais do que merecida, para o povo português que teve de suportar vários sacrifícios nos últimos anos. Por isso, a decisão do governo deve ser elogiada, embora existisse quem tivesse defendido um maior aumento para a casa dos 515 euros. Ficou-se então nos 505 euros - não é muito dinheiro, mas é indiscutivelmente melhor que 485 euros. Uma economia forte e competitiva não pode assentar em ordenados demasiado baixos, como muitos especialistas já salientaram. E este aumento salarial, que só peca por tardio, vem ajudar a combater a inflação (aumento do custo de vida) dos últimos anos. A TSU desceu ainda dos 23,75% para os 23%, o que representa um ligeiro alívio deste encargo para o patronato. 
Todavia, é importante salientar que esta medida é tomada numa altura em que estamos a chegar ao ano eleitoral de 2015, com legislativas e presidenciais, nas quais se prevê um forte braço-de-ferro entre sociais democratas e socialistas, o que deverá comprometer qualquer aspiração de maioria absoluta para cada um dos principais partidos na Assembleia da República.
Passos Coelho e Paulo Portas jogaram agora uma importante cartada para atrair mais popularidade, todavia ainda há muito para alcançar, e não basta só aumentar o ordenado mínimo, é necessária uma política consistente no combate ao desemprego que, mesmo estando a reduzir ligeiramente nos últimos tempos, continua em números excessivamente elevados. E já agora quando é que decidem colocar um tecto às reformas milionárias, como fazem na Suiça?




Imagem nº 1 - Passos Coelho e Paulo Portas tomaram uma decisão importante juntamente com os parceiros sociais, mas ainda não chega...
Foto de Daniel Rocha in O Público